11/08/2009

Fiz a foto para denunciar a escravidão de mulheres na cana de açúcar em Minas Gerais. Mulheres que trabalhavam para pagar a alimentação e a moradia. No fim do mês, ao invés de receberem salário, recebiam a conta do que ainda deviam, gerando, com isso, o chamado regime de escravidão por dívida. Na foto, a bóia fria não queria mostrar o rosto. Usei o boné e a sombra da luz de meio dia. O céu estava naturalmente polarizado. A grande angular ajudou a retratar a imponência do canavial. Apesar de ter usado a estética a meu favor, o que mais me interessava era que esta foto servisse como documento de denúncia e transformação de uma realidade. A imagem fez parte de uma exposição de fotos que denunciou a violação dos Direitos Humanos em diversos aspectos.

2 comentários:

Pauta Cifrada disse...

bela perpectiva!

EM PAUTA disse...

Fotografias causam diferentes sensações no ser humano: o horror dos conflitos e a curiosidade na sutileza de olhares são duas delas. Despertam também uma mistura de sentimentos, como tristeza, solidariedade, força e beleza ... dependendo da imagem.


A foto acima é uma dessas pérolas, impregnada de dor, agonia, tristeza. O retrato da miséria: uma mulher, mãe, chefe de família ... cidadã brasileira. Este tipo de fotografia tem vida, é carregada de sentimentos, grita com o leitor, pede socorro. A foto mostra uma expressão perdida de uma mãe, mulher, filha, irmã ... cidadã brasileira explorada que, sem alternativa, submete-se à “escravidão” para dar sustento a família. É uma imagem que me causa profunda tristeza. Retratada por uma mulher, mãe, filha ... cidadã brasileira que mostra as diferentes realidades de seu país através das lentes de sua ferramenta de trabalho.

Parabéns, Gianne Carvalho, pela sensibilidade com que você retrata o mundo e a vida das pessoas. Parabéns pela polivalência profissional. Nem todos têm versatilidade e talento para abordar temas sociais, artísticos e esportivos tão bem.